o que o segmento das pessoas com deficiência pensam da inclusão? Nada. Porque não passaram ainda da sua adolescência e pessoas que não passam da adolescência merecem sem sombra de duvida, serem tratados como criancinhas mimadas que querem sempre um colo. Querem sempre duas coisas, sexo como se fosse essencial, mas só é um ponto e só ter lazer. A base da inclusão é acessibilidade, sem a acessibilidade as outras coisas caem por terra. Ponto. O resto é coisa de teórico que quer justificar esse tipo de coisa como sendo saudável, pois não é saudável.

Quando falamos de estética (o belo e o não belo) falamos de estereótipos que as pessoas colocam cada grupo como se fosse uma prateleira que devêssemos arrumar a cada uma. Para o filósofo alemão Hegel, tudo que sai da alma humana é muito mais perfeito, porque achava ele, que tudo que saia da alma humana era belo e perfeito do que na natureza. Ele via nas obras de arte algo que tornasse uma folha, por exemplo, diferente das outras e enquanto, as obras de arte, não haveria essa diferenciação. Então, podemos concluir, que o belo e o que achamos belo é uma constatação daquilo que dou o valor do que é belo ou não e o que a beleza implica em ser ou não subjetiva. Só para explicar, subjetivo é tudo aquilo que achamos de um objeto ou alguém dentro dos valores que essas analises são submetidos e esses valores tomados como fenômeno da consciência. Se eu acho um gato bonito, esse “bonito” está dentro do reflexo daquilo que eu creio ser “bonito” dentro dos valores que recebo, porque ele pode não ser preto, por exemplo, por causa das crenças que estão embutidas naquele gato preto. Toda crença é virtual ou não, porque ela tem uma potencialização de ser um ato, ou só é uma potencialização da consciência desse ato em si mesmo. Todo valor subjetivo é a historia construída das convivências que façamos dentro da vida social, então, se achamos belo é porque se apegamos naquilo que é por natureza dos nossos valores e necessidades. Como disse o próprio Hegel, tudo que temos a ideia de beleza achamos a ideia da beleza bela e não o objeto necessariamente.

Ainda somos muito platônicos e sempre gostamos daquilo que nos faltam e não aquilo que nos dão prazer, porque somos uma sociedade que a nossa cultura foi construída dentro dos ideais das ideias da igreja medievalista, onde o prazer era só a luxuria e não havia outro tipo de prazer. Posso ter prazer em ouvi uma musica, não que eu necessita ouvi uma musica, eu ouço uma musica por gostar e me sentir bem com aquela musica. Não necessariamente – como a psicanalise freudiana ainda insiste em afirmar – ter um prazer sexualmente falando, mas um prazer das imagens que aquela determinada musica pode me trazer para auxiliar a minha calma, de repente. Mas é claro, em alguns aspectos, somos literalmente reprimidos. Se os que não tem deficiência, ou não aparenta ter, são reprimidos, imagine as pessoas com deficiência. Só que há o fator da escolha, ou escolhemos ficar oprimidos (por ser comodo), ou escolhemos sair do nosso “mudinho” de faz de conta e é isso que ainda nos atrasa quanto ao debate real sobre a inclusão.

A maioria das pessoas com deficiência e seus responsáveis são na verdade, “Alices” que ainda não saíram do país das maravilhas. Não somos seres humanos porque não somos e não podemos nos defender, não podemos colocar coisas no lugar, mas todo mundo tem uma limitação. Nem todo mundo pode fazer pão, precisa do padeiro. Todo mundo não pode fazer um pneu ou arrumar a câmera de ar de um pneu, precisa do borracheiro. Mas isso não quer dizer que a pessoa seja inútil por não poder fazer o pão e nem arrumar a câmera de ar de um pneu, apenas tem varias limitações de não fazer isso. Nem a própria pessoa acha isso. Ao contrario das pessoas com deficiência que pensam que tudo vai ser resolvido se acomodando no mundo virtual, pois não vai, não vamos resolver a vida olhando o perfil do outro ou postando fotos que de repente, nada tem a ver com a inclusão dos PCDs. Dai entramos na estética, no vulgar e não vulgar e as regras para saberem o que é vulgar e o que não é vulgar. Pois podemos fazer uma campanha de conscientização da sexualidade das pessoas com deficiência sem expor o lado vulgar e sim, mostrar o lado humano, um lado que o homem com deficiência é um ser humano como outro qualquer (com seus valores e suas visões do mundo lá fora segundo sua vivencia) e a mulher com deficiência é também um ser humano como qualquer mulher na sociedade (com seus valores e sua visão do mundo, mas claro, sendo sempre muito mais reprimida do que o homem). Para quê vamos limitar essa visão por causa de uma liberdade forjada como essa? Postar fotos de homens cadeirantes sem camisa ou mulheres cadeirantes com olhares provocadores vão mudar a visão das pessoas com deficiência? Não. Não é impondo que vamos mudar a visão das pessoas com deficiência, mas educando com informações e estudos e dizer que somos pessoas e merecemos sermos tratados como pessoas. Não é fotos de poses provocativas que isso vai mudar e outras coisas que não vem ao caso, mas que é um ponto e não a regra.

Somos uma sociedade hegeliana que achamos belo não por causa do belo na essência, achamos belo porque a ideia do belo como uma coisa angelical ou uma coisa “superadora” (como se uma foto superassem a deficiência), nos agrada e porque ainda ficamos no mundo da fantasia. O país das maravilhas de Carrol é isso, o mundo que Alice constrói para de repente, fugi da realidade que o cerca e por sermos muito mais centrados nos mitos. Ao se tornar paraplégico um sujeito pode muito bem, colocar na cabeça o mito de Hércules ou o mito de Aquiles, que ainda está na nossa cultura quando queremos modelar corpos ou fazer o papel de heróis. Mas não somos heróis. Somos seres vaidosos. Somos seres que desejamos e esse desejo, ruim ou bom, se torna um sofrimento porque graças a ele somos levados a acreditar na imagem que fabricamos. Aliás, a maioria que vejo e conheço não faz fisioterapia, ginasticas esportivas porque gostam, porque querem ser heróis e querem superar sempre o que não pode ser superado e é regra geral isso. Você não supera uma perda de um braço, você não supera uma cadeira de rodas, você não supera uma dificuldade sensorial, você convive e aceita que aquilo não vai mudar. Pode ter tratamento com a célula tronco, pode ter exoesqueleto, mas a realidade que somos a deficiência e a deficiência está em nós. Ponto. A prótese, a cadeira de rodas, o IC, entre outras coisas, são aparelhos para ajudar a ter de repente, um maior conforto. Mas não vai fazer você superar, não vai fazer você ser diferente. Você não é isento de deficiência e você não vai tirar a deficiência em você. Então se acostuma-se e não ache que a deficiência é feia, porque superamos a visão popular da deficiência, superamos o que as pessoas fazem de nós. Não é se enfeitando, não tendo uma visão “positiva” que isso vai se torna regra de uma exceção e nem sempre a realidade é pessimista, pois aceitar o que é é muito otimista e faz você viver muito melhor.