quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Cadeira de rodas… um direito ou um luxo?

by Amauri Nolasco Sanches Junior e Marley Cristina Felix Rodrigues 



Minha cadeira de rodas é esse modelo e não é pesada

Amauri Nolasco Sanches Junior
A  Mobility Brasil  deu essa explicação quanto ao preço da cadeira de rodas no Brasil, volto em seguida para comentar:
Por que as cadeiras de rodas são tão caras no Brasil?
As cadeiras de rodas produzidas no Brasil tem isenção de IPI, ICMS, PIS e COFINS.
Quando são produzidas em série, sem ser sob medidas e cores customizadas as cadeiras no Brasil tem preço bem atraente, podendo ser encontradas no mercado cadeiras de Alumínio dobráveis em X na faixa de R$ 950,00.
As cadeiras Nacionais fabricadas sob medida, ou seja, personalizada estão na faixa de R$ 3.500,00, no mercado Brasileiro, isto porque já não é uma produção em série, feita por robôs de solda, máquinas, etc... as cadeiras sob medida dependem muito da especialização da mão de obra técnica, sendo quase uma produção artesanal.
As cadeiras importadas também são isentas de IPI, ICMS, PIS e COFINS, porém incide sobre o valor do produto em dólar + o frete em dólar o imposto de Importação que é de 12%.
Então estes 12% incidem sobre o valor do produto + o frete.
O frete das cadeiras de rodas importadas são bem altos, uma faixa de US$ 500,00 dólares por caixa de cadeira monobloco, isso porque as caixas são bem volumosas, entrando na tabela de cubagem das transportadoras e não na tabela de peso.
Além disso, na importação de um produto tem custos fixos como honorários de despachante de importação, em média 02 salários mínimos por carga, mais taxas de armazenagem no porto e aeroporto, mais uma série de outras tarifas......
Por isso quando importamos uma cadeira sob medida, estes custos incidem todo sobre o único produto sob medida, que já tem um custo alto em dólar no seu País de origem, pois também é produzida sob medida, ou seja, produção artesanal com mão de obra especializada.
Ótima explicação para nós começarmos nossa reflexão nessa questão no Brasil que temos que nos ater a questão histórica de um país assolado por muitos anos sobre a sombra de um atraso que foi o Regime Militar e após, o atraso diante da sombra do Regime Democrático. As pessoas com deficiência, a muito tempo, sempre viveram escondidas nas masmorras de seus quartos e nas instituições e isso é um fato histórico e não só brasileiro, mas mundial, onde crianças eram internadas para fazerem tratamento ou para terem uma vida menos dolorida. Em tempos antigos, mais ou menos na Idade Media e no Renascimento, muito pouco se tinha para a locomoção e tratamento de pessoas como nós. A primeira cadeira de rodas foi inventada pelo rei Felipe II da Espanha  que construiu uma cadeira para carregar aleijado, isso no século XVI, logo depois na Alemanha, um construtor de relógios constrói uma cadeira de rodas como um triciclo. Só no século dezenove que foram desenvolvidas as cadeiras de rodas que a propulsão é feita nas rodas traseiras. E ao longo do tempo a tecnologia foi avançando para dar a pessoa com deficiência muito mais conforto, porem ainda muito poucos conseguem ter as condições necessárias para ter uma cadeira de rodas como um bem, apelando para o SUS (Serviço Único de Saúde) que são de qualidade muito inferior ao que pode chamar de durabilidade.
Bom, para comentar sobre preços e qualidade, temos que entender que a necessidade básica ao ser humano é viver e para viver precisamos comer, precisamos respirar, precisamos fazer nossas necessidades fisiológicas e precisamos nos locomover para isso e muito outras coisas. Para nós que usamos cadeiras de rodas, são essenciais para a locomoção e desenvolvimento das atividades cotidianas junto ao mundo e ambiente que se vive e isso que faz a diferença entre necessidade e o que é ideal para nós sairmos e nos locomovermos. Eu tenho uma Comfort que me foi doada por uma amiga e que me é muito leve, não é de titânio, liga leve, de rodas arrojadas e tal, simplesmente, é uma cadeira de rodas simples, leve e que dá para até sair com minha noiva. O segmento das pessoas com deficiência, como todo segmento, tem aqueles que pensam no coletivo e tem aqueles que pensam em si mesmo e que se dane os outros. Se houvesse um “boicote” nas cadeiras mais caras, elas iriam baratear e isso é muito simples, porque incentivo fiscal se tem como explicou a Mobily Brasil é falta de vontade tanto política, quanto vontade do próprio fabricante que se aproveita da necessidade alheia. Isso se chama “Capitalismo Selvagem”.
Para entendermos isso temos que entender um pouco de dois conceitos e entender o capitalismo em si. Não há nada de errado no capitalismo em si, o que possamos dizer que seria um tumor dentro disso é o “capitalismo selvagem” que explora as necessidades alheiras e se aproveita de imagens do sofrimento alheiro para lucrar. Mas temos ainda a liberdade de escolha que não teríamos num regime socialista, pois só haveria aquele modelo e não teríamos mais modelos e  não teríamos direito nem de reclamar e nem de escolher. Em outros regimes são bem piores, como foi o nazismo que éramos mortos por eutanásia e o fascismo que éramos internados em instituições. Portanto, o liberalismo ainda nos dar certa liberdade de escolher o que queremos e como queremos, nessa exige democrática, há milhares de opiniões. Será que temos necessidade de uma cadeira de rodas de R$ 3.500,00? Não acredito que uma pessoa possa gastar uma quantia dessas e não esperar para baixar os preços.
Gosto do pensamento do filosofo Jean Paul Sartre (1905 – 1980) – aquele que disse que somos condenados a sermos livres – que dizia que somos meio vitimas e meio cumprisse. Por que? Porque se reclamamos de nossa condição de sermos injustiçados pela exploração de governos corruptos e preços abusivos como vitimas, votamos nesses mesmos governantes e compramos mesmo com esses preços. É o preço que pagamos pela nossa liberdade e ainda achamos que a culpa e do outro e não assumimos nossas próprias rédeas, nossas próprias escolhas e os erros dessas escolhas que colocamos como necessidades.  Mas o que transvestimos de necessidade não passa de um desejo despertado pelos anúncios e propagandas que muitas vezes não percebemos, mas que nossa sociedade, está cheio.
Ora, temos que observar que tantas coisas botamos como prioridade e muito pouco conseguimos analisar essas coisas supérfluo. Não que não podemos ou que não devemos querer, temos que se unir e só com a união possamos alcançar nosso objetivo que é baratear nossos aparelhos. Existem pessoas que me disseram: “Não tenho culpa quem não pode comprar uma cadeira de rodas dessas, EU POSSO e minha necessidade tem pressa”. Não existe necessidade urgente, existe vaidade e desprezo, o resto, é conversa fiada.

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