terça-feira, 27 de agosto de 2013

AUTISMO - Reportagem que saiu hoje na Folha de São Paulo

, logo abaixou coloquei os
links da resportagem.

Bom final de domingo

Teka

Pais de crianças autistas divergem sobre educação especial 

JAIRO MARQUES
DE SÃO PAULO 

Familiares de pessoas com autismo estão organizando, para daqui a duas
semanas, um grande ato, em Brasília, para pressionar o governo pelo direito
de educarem seus filhos em casa ou em instituições específicas. 

O movimento encontra resistência dentro do próprio universo de pais com
filhos autistas. Há associações que defendem que o caminho para a maior
socialização é por meio da educação regular. 

Mãe diz ser difícil manter filha em escola regular
Para mãe, interação é a única forma de quebrar preconceito 

A divisão veio à tona após a presidente Dilma vetar, na lei que iguala
direitos de autistas aos de demais pessoas com deficiência, trecho que
deixava aberta a possibilidade de a educação do grupo ser realizada de
acordo com necessidades específicas. 

"O autismo se manifesta em diferentes graus, o que vai gerar demandas
diferentes. Não é possível tratar tudo na mesma normativa", diz Berenice
Piana, mãe de um jovem com autismo e uma das principais responsáveis pela
aprovação da lei. 

Entre as alegações dos que apoiam a educação segmentada estão a exposição
dos filhos ao bullying, a falta de estrutura e capacitação de professores
nas escolas regulares e a imprevisibilidade das ações das crianças, que
podem inclusive ser violentas, dentro da sala de aula. 

Apaes em todo o país dão fôlego ao pleito de quem defende a educação
especial. A instituição é a mais tradicional do país no trato com pessoas
com deficiência intelectual tanto em aspectos educacionais como em
terapias. 

RECURSOS 

Pelo Plano Nacional de Educação, em avaliação no Congresso, instituição
nenhuma poderá, a partir de 2016, receber recursos públicos para fornecer
ensino exclusivo a grupos com deficiência como autistas, downs ou
paralisados cerebrais, como no caso das Apaes. 

"O mundo moderno exige toda criança na escola e o governo investiu em leis
e procedimentos que levassem o país a esse patamar. Se a criança não puder
ir à escola por motivos médicos sérios, a escola deve ir à criança", afirma
o psicólogo Manuel Vazquez Gil. 

Ele tem um filho com autismo em grau severo e que estuda no ensino
regular. 

O MEC (Ministério da Educação) defende que é inconstitucional a manutenção
das escolas especiais, uma vez que o Brasil é signatário de convenção
internacional que determina a educação inclusiva, fornecendo os governos as
condições para isso. 

"Os pais precisam ter o direito de escolha de onde querem educar seus
filhos. Eles são os melhores especialistas, vivem o problema no dia a dia",
declara Piana. 

Na política de educação inclusiva do MEC estão previstas ações
"intersetoriais" para atender os casos mais graves de pessoas com
deficiência na escola, que envolvem auxílio de acompanhantes, atenção à
saúde e ensino complementar. 

Os contrários à obrigatoriedade do ensino regular afirmam que, na vida
prática, a educação inclusiva não tem efeito para pessoas com autismo em
grau severo, que não aprendem à contento e na escola ficam longe de
cuidados da família ou de profissionais habilitados. 

A secretária dos Direitos da Pessoa com Deficiência de São Paulo, Linamara
Battistella, avalia que o debate em torno da educação de autistas não pode
ser generalizado e precisa de mais espaço. 

"O conceito da educação inclusiva é para o que trabalhamos, mas é preciso
particularizar o que exige um cuidado diferenciado. Em caso de autistas com
grave dependência, talvez a escola convencional não seja o melhor lugar." 

Já a secretária municipal da mesma pasta, Marianne Pinotti, defende que a
escola regular crie condições, com a ajuda dos pais e de especialistas,
para o atendimento de qualquer criança, de acordo com suas necessidades. 

Mãe diz ser difícil manter filha em escola regular 

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DE SÃO PAULO 

Em busca de uma escola que soubesse lidar de maneira mais próxima com as
diferenças da filha Morgana, 7, a psicóloga Fabiana Cezar Baralde, 39,
resolveu colocá-la em uma escola especial, apenas com crianças autistas. 

"Minha filha estudou três anos no ensino regular, mas, agora, ficou
difícil mantê-la. Ela tem um desenvolvimento diferente de outras crianças e
precisa de uma atenção, um modo de educar também diferente", afirma a mãe. 

Pais de crianças autistas divergem sobre educação especial
Para mãe, interação é a única forma de quebrar preconceito 

Morgana tem autismo em nível moderado e, segundo a mãe, está "muito feliz"
no colégio especial, onde está aprendendo a ter rotinas para o dia a dia e
tem acesso a material didático específico. 

Eduardo Anizelli/Folhapress


Fabiana e a filha Morgana, 7, que faz progressos em uma escola
especial


"A socialização que ela teve na escola regular foi excelente, mas ela
também tem amigos, brinca e evolui na educação especial." 

Fabiana diz não defender a educação especial, mas, sim, o direito de os
pais poderem escolher o melhor lugar para educarem seus filhos. 

Já Carla Maysa Santos, 40, mãe do adolescente André, 16, declara que a
escola especial foi a única alternativa que encontrou para educá-lo. 

"Inclusão na educação é uma grande mentira. Lutei muito por uma escola
especial para o meu filho. Agora ele tem atenção, está evoluindo e está
protegido", afirma. 

André passou vários anos sem frequentar nenhuma instituição de ensino.
"Ele não era aceito por nenhuma escola e, quando era aceito, ficava de
lado, excluído e sem a atenção que precisa." 

18/08/2013 - 02h00 

Para mãe, interação é a única forma de quebrar preconceito 

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DE SÃO PAULO 

Tom tem apenas três anos, mas já teve de mudar de escola três vezes por
problemas de adaptação. 

Ele tem autismo em grau ainda não determinado. Mesmo assim, sua mãe, a
jornalista Silvia Ruiz Mangalya, 43, defende que ele estude na educação
regular, integrado com crianças de todos os tipos. 

Pais de crianças autistas divergem sobre educação especial
Mãe diz ser difícil manter filha em escola regular 

"Sei que as escolas não estão preparadas para o Tom, mas penso que é
preciso construí-las. Isso só é possível com ajuda de pais, professores e
direção. Não dá para colocar o filho em sala de aula e achar que vão se
virar para ensiná-lo", diz Silvia. 

Danilo Verpa/Folhapress


Silvia e seu filho Tom, 3, que estuda em escola de educação
convencional


Segundo a mãe, apenas com a interação será possível quebrar preconceitos e
entender a diversidade. 

"Estou certa de que o melhor caminho é ele estar em uma escola
convencional", afirma. 

"O Tom vai precisar encarar suas dificuldades, evoluir. Acompanho tudo de
perto, ajudo os professores, converso com pais dos colegas dele. Faço tudo
para combater os mitos em torno do autismo." 

O menino tem problemas de comunicação, mas voltou a falar após a
frequência às aulas. 

Silvia diz que é preciso mostrar à escola quais são as necessidades em
cada caso e ajudar na busca de soluções para o aprendizado do aluno. 

Ela diz ser normal ter medo de que o filho possa sofrer na escola e a
solução para isso é a proximidade. 

"Não dá mais para manter a invisibilidade dos autistas. Nunca vai haver
shopping especial só para eles, um mercado só para eles. Meu filho vai a
todos os lugares." 

http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2013/08/1328082-pais-de-criancas-autistas-divergem-sobre-educacao-especial.shtml

http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2013/08/1328084-para-mae-interacao-e-a-unica-forma-de-quebrar-preconceito.shtml

http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2013/08/1328083-mae-diz-ser-dificil-manter-filha-em-escola-regular.shtml

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