quarta-feira, 22 de maio de 2013

Crianças: o que estão aprendendo sobre nanismo?


Já havia algum tempo que estava querendo postar um artigo sobre esse assunto. Hoje aconteceu comigo duas situações completamente opostas, que me fez levantar a seguinte questão: O que as crianças de hoje estão aprendendo sobre pessoas com nanismo, ou qualquer outra deficiência? Será que estão tendo acesso a informação adequada de acordo com a idade que se encontram? O papel é dos pais ou da escola quando o assunto é respeito às pessoas com deficiência?

O respeito às pessoas com deficiência deve vir desde cedo

Vou relatar agora pra vocês as duas situações que aconteceram comigo hoje, quando saía do meu trabalho. A primeira aconteceu imediatamente após a minha saída, quando fui à uma farmácia para comprar um remédio. Quando estava chegando em frente ao estabelecimento, encontrei uma menininha que aparentava ter mais ou menos 5 anos. A criança estava acompanhada da babá e conforme fui me aproximando, ela me encarou com uma cara de medo e olhou para a babá como quem diz “E agora?”.
Quando olhei para a babá, peguei ela falando “Cuidado! Ele vai te pegar“. A moça ficou muito sem graça quando viu que eu estava olhando pra ela no exato momento em que ela amedrontava a menina. Na hora confesso que fiquei tão sem reação, que agora analisando com mais detalhes a situação, me arrependo de não ter conversado com a babá.
A segunda situação aconteceu quando eu já estava no ônibus. Me sentei e vi que ao meu lado se encontrava uma mãe junto com seu filho de 2 anos e 10 meses. O menino me abordou como se eu fosse o novo amiguinho de escola dele. Claro que depois vieram perguntas como “Você é grande?” e “O seu pé é pequeno?”, mas fiquei impressionado com a espontaneidade da criança durante o resto do bate-papo. Quando chegou o ponto dele, eu já sabia que se chamava Tales, tinha 2 anos, não gostava de tomar remédio, tinha uma bota do Ben 10, carregava um gatinho de verdade na sua bolsa, ontem tinha uma namorada que chamava Isabella e a de hoje ele nem se lembrava mais do nome.
Esses dois contrastes me fizeram pensar se as crianças de hoje estão tendo a educação correta à respeito das pessoas com deficiência. Uma boa parte das crianças que se deparam durante o dia comigo, ou com outras pessoas com nanismo, sentem medo. Uma coisa que é absolutamente normal quando se trata de algo novo, uma característica até então desconhecida. Mas onde está a falha (se é que podemos chamar assim) que faz esse medo persistir ou se transformar em deboche?
Se as escolas são as responsáveis pela formação de caráter dos futuros adultos desse país, por que não ensinar as crianças desde cedo a respeitarem as diferenças entre sexo, raça, cor, condição financeira, cargo, idade, condição física ou mental? Se os pais também partilham dessa responsabilidade, por que não falar sobre as pessoas com deficiência quando as crianças começarem a questionar sobre as pessoas não serem iguais?
Eu acredito que o respeito às pessoas com deficiência pode, e deve, ser ensinado desde cedo. Muita coisa poderia ser diferente se os pais começassem a trabalhar em suas crianças o respeito ao coleguinha que tem autismo ou alguma outra deficiência mental, física, auditiva ou visual. Se o prazer em ajudar o próximo a pegar alguma coisa que estivesse fora do alcance, atravessar a rua, resolver alguma dificuldade intelectual, fosse disseminado de pai para filho. Se o respeito e o amor ao próximo fossem ensinados como a matemática e suas contas de adição e subtração.

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