quinta-feira, 22 de novembro de 2012

O COMPUTADOR COMO RECURSO PEDAGÓGICO NA ALFABETIZAÇÃO DE PESSOAS COM DEFICIÊNCIA


COMPUTADOR COMO RECURSO PEDAGÓGICO NA ALFABETIZAÇÃO DE PESSOAS COM DEFICIÊNCIA
Juzelina Sena da Silva

Marilucy Silva
Rosa Antônia Alves Pereira Pegaiani[1]
RESUMO: Dentre os estudos realizados na educação especial com foco na informática, nos apoiamos na teoria construtivista de Seymour Papert, autor que defende o ensino através do computador pelo fato de que a interação entre a criança e a máquina auxilia no processo de percepção e de aprendizagem. Desse modo, a educação, em todos os seus níveis, deve procurar ser integradora, e para isso, os educandos devem sentir prazer na realização das atividades escolares. Portanto, neste artigo objetivamos abordar sobre os benefícios que o uso do computador oferece para a educação especial  no processo de ensino e de aprendizagem, bem como, à socialização dos educandos.
PALAVRAS-CHAVE: Alfabetização. Informática. Educação Especial.
1. Introdução
Pensar em Educação Especial deixou de ser hoje uma busca pelo incerto. Em razão disso, muitos meios foram criados para facilitar o processo de ensino e de aprendizagem às Pessoas com Deficiências. Nesse ínterim, o computador vem avançando no tocante à alfabetização dessas pessoas, pois além de promover a integração social delas, oferece a possibilidade de criação e demonstração de diferentes capacidades dos educandos, pois se observa a dificuldade de muitos educadores em prender atenção dos mesmos às aulas tradicionais, considerando que a interface computacional utilizando-se da multimídia é uma grande motivadora aos educandos.
O desenvolvimento tecnológico propiciou ao homem um grande potencial de descobertas. Essa assertiva pode ser verificada na história, pois foi com o desenvolvimento tecnológico que o homem chegou a patamares de domínio de determinadas técnicas e conhecimentos nunca alcançados nos mais diversos campos do saber.
Na área de informática essa evolução se deu por um processo rápido, que causou espanto a muitos e culminou na definição dos países que comandam o planeta. Não só no campo político, mas na área como educação pode-se notar os reflexos do desenvolvimento da informática.
No que tange a educação não é diferente. Cada vez mais a informática em aperfeiçoando os métodos de ensino. Softwares específicos para o auxilio na aprendizagem em diversos níveis do conhecimento estão sendo desenvolvidos com grandes inovações e também com um bom aceite pela sociedade.
Na educação especial, também são desenvolvidos softwares desse tipo, para auxiliar os educandos especiais na aprendizagem. Programas com figuras, jogos de raciocínio, exercícios de aprendizagem dedutiva, dentre outros, estão proporcionando aos educandos especiais uma nova maneira de aprender. Por meio dela eles experimentam vivenciar diferentes experiencias, organizam ideias, analisam, planejam e criam o que reflete diretamente na sua auto-estima, por adquirirem maior confiança em si e na sua capacidade de aprendizagem.

2. Alfabetização e tecnologia no processo de ensino e de aprendizagem

Segundo Vygotsky (1989, p. 150), [...] aprender a escrever, alfabetizar-se, é mais do que aprender a grafar sons; significa construir uma nova inserção cultural”. Sendo assim, este recurso, ou seja, os softwares educacionais conseguem não só atenção como a proeza de aulas mais interessantes, animadas e criativas que detém a atenção e fixação da aprendizagem. Ressaltando-se que o computador não substitui o educador, mas é mais um recurso pedagógico que se utiliza para melhorar a qualidade do ensino.
Na educação especial, a atenção com o educando deve ser maior e, o uso de um recurso que promova a facilitação da aprendizagem é  de grande valia para o educador, pois assim os educandos podem aprender mais e com maior qualidade.
Apontamos aqui os benefícios que a utilização do computador como facilitador na educação especial pode proporcionar neste tipo de ensino. Para isso, estudos foram feitos acerca do respectivo tema, demonstrando o grande auxilio que este recurso presta a educação de um modo geral, e, consequentemente o grande desenvolvimento obtido por educandos especiais em contato com o computador. Desse modo, Papert pondera que "[...] tecnologia não é a solução, é somente um instrumento. Logo, a tecnologia por si não implica em uma boa educação, mas a falta de tecnologia automaticamente implica em uma má educação" (2001, p.2).
A informática educativa na educação especial caminha a passos largos, diminuindo distancias entre os seres, fato este que leva os educandos a uma contextualização do futuro que acontece a partir do momento atual. Portanto, um novo paradigma educacional determina a escola como ambiente criado para uma aprendizagem rica em recursos, possibilitando ao educando a construção do conhecimento a partir de uma individualização estilística de aprendizagem.
Nesse contexto, a figura do educador é de um mediador, co-parceiro do educando, buscando e interpretando de forma critica as informações, pois este mesmo educador passa a contar com o desenvolvimento tecnológico de informações, levando o educando a um novo centro de referencia educacional, utilizando-se de uma nova forma de trabalhar, possibilitando ao mesmo aprender com uma maior rapidez, renovando o aprendizado constantemente.
O computador na educação especial funciona como uma máquina de evolução e de renovação tecnológica abrangente, fato de uma socialização emergente de uma nova sociedade, formador dos alocados no interior da construção do conhecimento como um todo reflexivo da afetividade social.

[...]  O computador, por excelência, é simbólico, alem do que, aprender com o computador não e possuir informações, senão saber acessar e processar a informação; é interativo, envolve uma comunicação com a maquina, que favorece a tomada de consciência, pelo educando, no planejamento de suas ações, no processo de reflexão sobre suas ações e no controle sobre sua aprendizagem; é dinâmico e integrador, de distintas notações simbólicas, favorecendo as relações de uma notação simbólica a outra, bem como a descontextualização e a transferência, é motivador, pois permite a criação de micro mundos relacionados a situações do mundo real (SANTAROSA, 2002, p. 12).


A educação especial é hoje um grande referencial para o ensino de qualquer nível, pelo fato de que a preocupação com o educando é o fator primordial de todo o processo de ensino-aprendizagem. Nesses contextos, vários são os recursos que vem sendo utilizados para que a integração dos educandos com deficiência seja mais satisfatória, atingindo níveis cada vez melhores.
Recursos como a televisão, jogos e revistas são bem aceitos pelos educadores, que trabalham questões teóricas e práticas inovadoras facilitadas por recursos tecnológicos.
Atualmente, o computador vem ganhando um grande espaço no âmbito escolar e mostra ser o recurso mais recomendado para o desenvolvimento do educando. O computador é uma maquina aberta a possibilidades, comandos feitos pelo agente, funcionando como um “tradutor” da vontade de quem opera.
Os educandos especiais, em grande parte, possuem dificuldades com relação à comunicação e entendimento com o mundo e com as pessoas. Por isso, a inserção do computador no processo de aprendizagem facilita a interação desses educandos com os conteúdos, pois, eles terão chance de demonstrar o que querem.
O computador oferece a oportunidade ao educando de revelar ao mundo sua capacidade frente às situações de desafios, utilizando de softwares voltados a suas dificuldades como: DOSVOX – cegos; H-QUÊ – editor de histórias; Jogos Interativos, Sites de alfabetização; PAINT; Micro mundos e outros abrem possibilidades a essa busca de informações e aprendizagem onde a deficiência seja ela física, mental, visual, auditiva ou múltipla são superadas com as adaptações simples ou complexas feitas por materiais reciclados ou não, ou seja, ponteira improvisada com o próprio lápis, o levantar do teclado, ou até mesmo o engrossar do lápis permitem a pessoa com deficiência não sentir-se excluído, mas sim capaz de conquistar e participar dessa conquista.
Para que o ensino possa oferecer ao educando condições para que seu potencial intelectual seja explorado, acreditamos ser a abordagem construtivista a mais adequada. Nesse tipo de abordagem o educador apenas auxilia o educando na realização das tarefas, porém, quem constrói o conhecimento é o próprio educando, pois é ele quem realiza os comandos e também quem possui o poder de decisão sobre o que fazer para atingir seus objetivos.
Esse modo de trabalhar oferece além de uma aprendizagem inovadora um sentimento de conquista que o educando sente ao ver a tarefa que foi idealizada foi concluída com êxito e sem a intervenção decisiva de outrem. Assim, podemos observar que o interesse pelo ensino é bem maior, em razão de o educando ter consciência do que é capaz, de que possui potencial.
3. Considerações Finais
Acreditamos que as novas tecnologias vêem ao encontro das dificuldades das pessoas com deficiência, bem como, meio para facilitar sua comunicação e interação com tudo àquilo que as cercam, pois o computador é o caminho à conexão com o mundo, significando novas aprendizagens, interação, informação, terapia, enfim, a própria independência.
As interfaces oferecidas possibilitam comunicação e autonomia onde à aprendizagem deve ser voltada ao aprendiz e suas necessidades utilizando de softwares que permitam a ele ser construtor do seu próprio conhecimento.
4. Referências Bibliográficas
PAPERT, Seymour: A Máquina das Crianças. Repensando a Escola na era da Informática. Porto Alegre: Artes Médicas, 1994.
PAPERT, S. Constructionism: a new opportunity for elementary science education. Massachusetts Institute of Technology, The Epistemology and Learning Group. Proposta para a National Science Foundation, 1986.
PAPERT, S. Education for the knowledge society: a Russia-oriented perspective on technology and school. IITE Newsletter. UNESCO, No. 1, janeiro-março 2001.
SANTAROSA, L.M. C Ambientes Digitais de Aprendizagem e Inclusão – mediação pelas  áreas de desenvolvimento potencial de pessoas com necessidades educativas especiais. Cadernos de Educação Especiais, Univ. Federal de Santa Maria, v.20, p. 13- 30, 2002.
VALENT, José Armando (org.) Liberando a Mente: Computadores na Educação Especial. Campinas; Gráfica Central UNICAMP, 1991.
VALENT, José Armando & FREIRE, Maria Pereira. Aprendendo para a Vida: Os Computadores na sala de aula. São Paulo: Cortez, 2001.

Vygotsky. L.S. 1987. A formação social da mente. Tradução José Cipolla Neto; Luiz Silveira Barreto; Solange Afeche. SP, Martins Fontes, 1987.

______. A formação social da mente. Tradução José Cipolla Neto; Luiz Silveira Barreto; Solange Afeche. SP, Martins Fontes, 1989.




[1] Profas da Rede Estadual de Ensino do Estado de Mato Grosso, Polo de Cáceres-MT.

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