sábado, 19 de junho de 2010

Escola em Quintino oferece cursos profissionalizantes para portadores de necessidades especiais


Welington da Costa Santos tem 25 anos, gosta de cantar, toca repique na Mangueira e sonha um dia trabalhar num consultório médico, "marcando consultas". Ele e outros 92 jovens, portadores de necessidades especiais, são alunos de cursos profissionalizantes na Escola Especializada Favo de Mel, em Quintino, Zona Norte do Rio.

- Antes ele estudava numa escola particular, também especial, mas eu não gostava do método deles, que deixava as crianças sem limites - conta a mãe, Wanda Thomé da Costa Santos. 
Aos 19 anos, Talisson Coutinho é um dos líderes entre os alunos da Favo de Mel - Foto: Lucíola Villela
Segundo ela, depois que foi para a Favo de Mel, o quadro do filho - que faz curso de contínuo - melhorou muito. - Se falar para ele que vai faltar a aula, até chora - conta.

Líder nato, aos 19 anos Talisson Coutinho já conquistou, em apenas dois meses, todos na escola. Os próprios colegas o elegeram seu representante no Conselho de Classe, que reúne professores e alunos. Ele faz curso de ajudante de garçom e espera poder ajudar mais na rotina do bar do tio, na Baixada Fluminense. Nas aulas, repreende os alunos mais ariscos e desobedientes.

- Ele não deixa fazer bagunça. Quando alguém começa a agitar é o primeiro a repreender e muitas vezes fala: "fique quieto, o professor está explicando" - conta o instrutor dos cursos de cozinha, Clebenilton Assis de Oliveira.
Fachada da escola Favo de Mel. Foto: Lucíola Villela
Ao todo há cursos de reprografia, jardinagem, cumin (ajudante de garçom), ajudante de cozinha, contínuo e serviços gerais, além de trabalho e cidadania, artes, educação física e capoeira. Os alunos também assistem a aulas regulares do ensino pedagógico. Segundo Clebenilton, é importante respeitar o tempo de aprendizado dos jovens.

- Podem demorar um tempo maior para aprender, mas aprendem.

Parcerias já garantem, inclusive, colocação no mercado de trabalho e cerca de 20 ex-alunos já encontraram uma ocupação. Quatro trabalham numa grande rede multinacional de fast food e um deles já foi considerado "funcionário do mês" duas vezes.

- Quero trabalhar para ganhar dinheiro e ficar rico - diz, entre um tom sério e brincalhão, Pedro Macedo Menezes, 18 anos, aluno do curso de jardinagem. Para ele, o melhor das aulas, é "mexer com a terra".

Já Welington, o cantor do início desta reportagem, quer, além de trabalhar no consultório médico, "gravar um DVD, ficar famoso e ter muitas fãs", a quem vai dedicar o disco.

- Deus foi bom comigo. Ele me deu esse filho que vai estar sempre do meu lado, até ficar velhinha de bengala - diz Wanda.


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