quinta-feira, 20 de maio de 2010

QUANDO SE PREOCUPAR COM SUA MEMÓRIA


Quando se preocupar com a sua memória?
SUZANA HERCULANO-HOUZEL*



[...] ESQUECER SEMPRE O NÚMERO DO SEU TELEFONE OU

O SEU ENDEREÇO NÃO É INÓCUO




Como potencializar a memória?



Imagem: WEB



Atualmente, é comum vermos pessoas de diferentes faixas etárias queixando-se de lapsos de memória. Há, inclusive, casos graves de pais que esquecem os próprios filhos dentro de automóveis, outros que não conseguem lembrar se já tomaram ou não seus medicamentos, pessoas que, se interrompidas em uma conversa, têm dificuldade em retomar o assunto por já não mais se recordarem de “onde pararam” entre tantas outras situações que vivemos ou presenciamos em nosso cotidiano. Se você se encaixa neste perfil, não se preocupe. Há mais de seis bilhões de seres humanos com a “síndrome do esquecimento”. Foi exatamente este número exorbitante que motivou estudiosos ingleses a realizarem mais uma pesquisa neurocientífica. Concluídos os estudos - publicados recentemente -, eles chegaram a uma conclusão surpreendente: precisamos esquecer para lembrar.

A princípio, tal afirmação parece uma sandice ou mais uma daquelas teorias que proliferam sem chances de comprovação. No entanto, se raciocinarmos, com calma, veremos que a descoberta tem fundamento. Apesar de possuir uma capacidade de armazenamento quase ilimitada, o nosso cérebro, devido aos mais variados estímulos e inúmeras atribuições, pode ficar, de certa forma, saturado. Por isso, muitas vezes, nos contrariamos porque nos lembramos de insignificâncias e olvidamos de coisas importantes.

Antes da divulgação desta pesquisa, era consenso que uma memória puxa a outra (o cérebro armazena informações através de conexões temporárias, permanentes ou semipermanentes entre os neurônios) – e isso é verdade em alguns casos.

Contudo, de acordo com este moderno, polêmico e revolucionário estudo, acontece exatamente o contrário, isto é, quando nos lembramos de alguma coisa, esquecemos de outras porque, ao buscarmos a memória de algo, debilitamos as outras memórias. Para o cérebro, o ato de lembrar é decodificado como o de reaprender, o que gera sobrecarga.


Ele não consegue distinguir o que é relevante ou irrelevante para nós. Consequentemente, acabamos por esquecer coisas das quais gostaríamos de lembrar. Para entendermos melhor, é importante sabermos que, numa tentativa automática para não se sobrecarregar com o volume imenso de informações diárias, o cérebro divide as tarefas usando cinco tipos diferentes de memória: a semântica (a memória do conhecimento, do raciocínio, das palavras), a visual (uma das mais potentes, registra tudo o que vemos), a processual (proporciona novas habilidades ao corpo) a topocinética (situa-nos no espaço) e a episódica (é a nossa memória particular).


Então, o que fazer para potencializar a memória?

Os cientistas recomendam que:


· por alguns instantes, procuremos deixar o cérebro ocioso (ele precisa de um intervalo para estabilizar as lembranças);

· bebamos uma taça de vinho por dia, tomemos chá ou comamos chocolate (os flavonóides, comuns aos três, melhoram consideravelmente a memória). Mas não exageremos! O excesso de açúcar, na corrente sanguínea, compromete a memorização além de engordar – é claro!

· exercitemos a memória, repetindo, várias vezes, apenas o que queremos lembrar.

· pratiquemos exercícios físicos e meditação (a partir dos 40 anos, perdemos gradativamente a capacidade de regular os níveis de glicose no sangue. O cérebro necessita de glicose na medida certa para funcionar bem - o consumo é “on line” –, pois o cérebro não acumula ou armazena glicose. Não é à toa que os médicos recomendam dietas e exercícios).

· evitemos, ao máximo, situações estressantes (elas produzem cortisol e noradrenalina, hormônios inimigos da memória.)

Portanto, enquanto não tivermos acesso aos chips de memória e à pílula da supermemória, que estão sendo desenvolvidos e em poucos anos estarão no mercado, sigamos as orientações repassadas por cientistas, especialistas e médicos a fim de tenhamos uma melhor qualidade de vida e nos previnamos contra aborrecimentos e constrangimentos que a falta de memória possa causar.
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sábado, 2 de maio de 2009 | Postado por Josselene Marques






A idade traz experiência mas também leva consigo algumas características da juventude. A partir dos 20 e poucos anos, a facilidade de memorização de informações novas, de visualização espacial e a rapidez de raciocínio decaem, as respostas ficam cada vez mais lentas e, segundo o neurocientista brasileiro Iván Izquierdo, a partir dos 40 anos começa a decair também a persistência da memória -ou seja, a capacidade de lembrar daqui a dois dias do nome do filme que você assistiu hoje na televisão.



A única capacidade que parece declinar constantemente a partir da idade adulta, no entanto, é a rapidez de resposta.



Memória, raciocínio e visualização espacial declinam depois da adolescência, mas lá pelos 35 anos estacionam e ali permanecem até pelo menos os 60 anos.



O mais importante, contudo, é que ficar cada vez mais lento dos 20 e poucos até os 60 anos não significa ficar lento demais para funcionar; da mesma forma, já não ter a memória tão boa quanto ela foi no passado é muito diferente de não ter memória nenhuma.



Além do mais, tudo o que diz respeito à habilidade de lidar com informações adquiridas, inclusive expressando-as em palavras, melhora com a idade.



A "experiência", eufemismo comum (e correto!) para o envelhecimento, tem vantagens.



A redução da capacidade de memorização e o aumento do esquecimento podem ser, portanto, considerados normais.



Mas até que ponto? Quando chega a hora de se preocupar com o declínio da memória?



Uma boa regra geral é: quando ele passa a perturbar a sua vida. Não lembrar o nome do filme de dois dias atrás é inócuo; esquecer sistematicamente compromissos, o número do seu telefone ou o seu endereço não é. Perdas súbitas de memória também valem uma visita ao neurologista.



Passar os dias achando que sua memória está desaparecendo também conta como "perturbar sua vida", e vale a ida ao neurologista para tirar a dúvida -porque a própria preocupação com a memória pode perturbá-la: hoje se sabe que o estresse crônico é um grande inimigo do cérebro e da capacidade de memorização. Além do mais, várias vezes o "problema de memória" é, na verdade, falta de atenção...



Soa ruim saber que sua memória não será a mesma por muito tempo? Veja por outro lado: quem sabe que começa a envelhecer cerebralmente tão logo sai da adolescência pode começar imediatamente a se cuidar. Nada de esperar pela terceira idade para começar a fazer exercícios físicos e aprender coisas novas. A saúde da sua memória começa já!

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*SUZANA HERCULANO-HOUZEL é neurocientista, professora da UFRJ, autora do livro "Pílulas de Neurociência para uma Vida Melhor" (ed. Sextante) e do blog www.suzanaherculanohouzel.com.
suzanahh@gmail.com
FONTE: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/equilibrio/eq1911200909.htm
Postado por Zelmar Guiotto às 14:44 0 comentários:

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