sábado, 15 de maio de 2010

ATIVIDADES FÍSICAS COMO POSSIBILIDADE DE MELHORIA DA QUALIDADE DE VIDA DOS IDOSOS




ATIVIDADES FÍSICAS COMO POSSIBILIDADE DE MELHORIA
DA QUALIDADE DE VIDA DOS IDOSOS.


GRUPO DE EDUCAÇÃO DA TERCEIRA IDADE (GETI) DA UFPA:
ATIVIDADES FÍSICAS COMO POSSIBILIDADE DE MELHORIA
DA QUALIDADE DE VIDA DOS IDOSOS.


1Paulo Sérgio R. de L. Filho.
2Elizabeth Christinne B. Pereira.
3Mirleide C. Bahia.

1 Acadêmico do curso de Educação Física da UFPA – Castanhal - oazulino@bol.com.br
2 Acadêmica do curso de Educação Física da UFPA- Castanhal
3 Docente de Educação Física da UFPA- Castanhal – mirleide@ufpa.br



Resumo: A criação de programas institucionais para idosos que tem como objetivo o desenvolvimento de diversas atividades como atividades físicas, lazer, e vivência do lúdico, contribuem de forma significativa para o aumento da qualidade e da participação social dos idosos, visto que a população idosa aumenta a cada ano, no Brasil e no mundo. Embora muitos tenham conhecimento ou pelo menos noção dos benefícios proporcionados pela prática de atividades físicas e os males causados pelo sedentarismo, ainda assim é pouco praticado pela população, devido haver uma enorme dificuldade de acesso a programas de exercícios que possibilitem melhores condições físicas por meio do respeito à individualidade e as especificidades de cada organismo, e que sejam aplicados de forma consciente, segura, agradável e motivante. Partindo-se desse pressuposto, o presente trabalho tem por objetivo apresentar os benefícios obtidos na implementação, a partir de 2007, de atividades físicas aos idosos do projeto de Educação Formal do Programa Grupo de Educação na Terceira Idade – GETI. A metodologia utilizada foi qualitativa e conjugou técnicas bibliográficas e de campo, através de observação participante e de relatos orais de alguns idosos. Os resultados parciais, haja vista que a pesquisa encontra-se em andamento, demonstraram que através da implementação da prática de atividades físicas para a terceira idade no GETI – com a utilização de vivências de expressão corporal, da dança, do jogo e da brincadeira –, houve melhoria na integração dos idosos do grupo, percebida através da técnica de observação participante e, segundo relato oral de alguns idosos, uma significativa melhoria em sua qualidade de vida (aspectos biológicos) e na sua forma de viver em sociedade (aspectos psicossociais). Conclui-se, portanto, em âmbito geral, que há premente necessidade de manter, nas Instituições Públicas e em outras esferas, projetos de atendimento e acesso qualificado a essa população idosa; e em âmbito particular, que é significativamente importante qualificar profissionais capazes de proporcionar prazer, integração, interação, qualidade de vida aos idosos, através de práticas corporais diversas, respeitando sua corporeidade.

Palavras-chave: Programas institucionais; Terceira Idade; Corporeidade; Qualidade de Vida; Participação Social.



A classificação do ciclo biológico humano em faixas etárias bem demarcadas tem conduzido o conceito de velhice a uma associação com a degeneração, concepção esta, construída socialmente, sem fundamento essencial no ser da velhice e da juventude, uma vez que, este é um conceito historicamente elaborado, inserido na dinâmica dos valores e das culturas (BIRMAN, 1995).

A concepção de que, a partir de uma determinada idade algumas atividades não devam ser vivenciadas, tende a ser superada em relação às constantes modificações sociais, uma vez que, atualmente, a expectativa de vida dos indivíduos tem aumentado significativamente, e como reflexo deste fenômeno de mudança social, verifica-se a necessidade de se repensar as questões que envolvem a qualidade de vida e o usufruto do tempo livre destes. A experiência da prática de Atividades Físicas e de Lazer pode vir a possibilitar um aumento do processo de integração entre as pessoas, sejam estas jovens ou idosas, sem diferenciar, portanto a idade do indivíduo que a vivencia.

Tomando como base os estudos de Neri (1993), Simões (1994), Okuma (1998), Matsudo e Matsudo (2000) entre outros autores, é possível verificar que a qualidade de vida da população idosa vem melhorando gradativamente na contemporaneidade.

Para Okuma (1998), dentre os diversos fatores envolvidos nestas mudanças (econômicos, sociais, psicológicos), a autora aponta a Atividade Física como um dos indicadores essenciais que contribuem com a melhoria das funções físicas, mentais e psicológicas dos idosos.

É fato que o processo de envelhecimento traz consigo uma série de transformações biológicas, fisiológicas, psicológicas, entre outras, mas tais transformações não devem e não podem ser um fator de impedimento à prática de Atividades Físicas e vivência da Corporeidade do indivíduo idoso.

O sedentarismo, que tende a acompanhar o envelhecimento e que sofre significativa influência do avanço tecnológico ocorrido nas últimas décadas, é um importante fator de risco para as doenças crônico-degenerativas, especialmente com relação às afecções cardiovasculares, principal causa de morte nos idosos. (NERI, 1993).

A habilidade de um idoso, ao buscar reter a destreza e sua mobilidade cotidianas, - como caminhar, levantar-se e alcançar algum objeto acima da cabeça -, evidencia importantes aspectos de um estilo de vida com qualidade. (OKUMA, 1998)

Neste sentido, a prática da atividade física seria recomendada para manter e/ou melhorar a densidade mineral óssea e prevenir a perda de massa óssea. Alem disso a atividade física melhoraria a força, a massa muscular e a flexibilidade articular, principalmente, em indivíduos acima de 50 anos.

São diversos os estudos que apontam para os benefícios dos programas de exercícios físicos para idosos, como medida profilática importante no sentido de preservar e retardar ao máximo os efeitos do envelhecimento sobre a aptidão física (MATSUDO & MATSUDO, 2000).

A Atividade Física voltada para populações idosas tem se mostrado um importante indicativo de qualidade de vida, não somente no sentido da prevenção de patologias; na prevenção de quedas e de outros problemas relacionados à idade, mas também como elemento essencial na manutenção da sociabilidade do indivíduo, na experiência de viver a sua corporeidade e a ludicidade; na possibilidade de criar uma consciência corporal e estabelecer limites próprios; bem como no estabelecimento de autonomia para realizar tarefas comuns da vida cotidiana. (SIMÕES, 1994).

A adequação da atividade física ao estado geral em que se encontra o idoso, tentando encontrar exercícios que sejam do seu agrado e com os quais ele se identifique e consiga realizar, é um passo essencial para trazê-lo de volta à prática de atividades psicomotoras. Isto resultará numa desaceleração dos processos degenerativos, tanto físicos como nervosos, bem como auxiliará na manutenção e, até certo ponto, melhoria das capacidades intelectuais.

A criação de Programas Institucionais direcionados a esta parcela da população, os quais buscam desenvolver atividades diversas e entre estas a Atividade Física, o Lazer e a vivência do Lúdico, vêm contribuindo significativamente para o aumento da qualidade de vida e da participação social dos idosos.(OKUMA, 1998; NERI, 1993).

No entanto, mesmo que muitos tenham conhecimento ou, ao menos, noção dos benefícios provocados pela prática de exercício físico e os malefícios trazidos pelo sedentarismo, ainda assim, é pouco realizado pela maioria da população. O que por muitas vezes dá-se pelo fato de haver enorme dificuldade de acesso a programas de exercícios que possibilitem melhores condições físicas através do respeito à individualidade e ás especificidades de cada organismo, e que sejam aplicados de forma consciente, segura, agradável e motivante.

É sob este aspecto que a implementação da prática de atividades físicas para a terceira idade realizadas no projeto de educação formal do Programa Grupo de Estudos de Terceira Idade – GETI – UFPA – Campus Castanhal, tem como fundamento, a integração dos idosos, participantes deste, na sociedade vigente. Para tanto, faz uso da expressão corporal, da dança, do jogo, da brincadeira e do lazer, em busca do conhecimento e vivência de sua corporeidade.

O Programa denominado Grupo de Educação na Terceira Idade (GETI) constitui-se uma síntese de ações educativas, culturais, físicas voltadas às várias dimensões do envelhecimento humano, frente às novas emergências sociais e educativas, especialmente do idoso amazônico. Nesse sentido, o Programa Grupo de Educação na Terceira Idade emerge do Projeto Grupo de Estudos da Terceira Idade, assim como uma decorrência natural uma vez que as ações de implantação iniciadas no ano de mil novecentos e noventa e nove (1999), que tinham como objetivo gerar ações de ensino, pesquisa e extensão voltadas para o sujeito idoso, no sentido de remotivar esses cidadãos (as) para a vida, através da articulação universidade – sociedades foram e continuam sendo materializadas. (PROJETO GETI, 2007)

É necessário, portanto, que se possibilite aos idosos, maiores conhecimentos, informações e vivências, as quais funcionarão como ferramentas, em direção a perspectivas de maior autonomia, de ampliação de sua visão de mundo, de conhecimento de seus direitos como cidadãos e de melhoria de sua qualidade de vida.

Para isso, acredita-se ser necessário que as organizações públicas e privadas invistam em ações que possam instrumentalizar o idoso, para autogerir sua vida e sua corporeidade, englobando educação formal, conhecimentos gerais, educação para a saúde, conhecimento de seus direitos e deveres.

Entretanto, embora seja evidente o grande corpo de conhecimentos construídos acerca dos benefícios da Atividade Física como um dos elementos decisivos para a aquisição e a manutenção da saúde, da aptidão física, da integração social e do bem-estar físico – pré-requisitos fundamentais para a qualidade de vida –, ainda é insuficiente a compreensão de grande parte da população (inclusive dos idosos) e do Poder Público sobre a importância de programas desta natureza.

Desta forma, numa perspectiva crítica, aponta-se para a necessidade premente de mobilização em direção à conscientização da sociedade sobre a importância de programas e projetos que venham ao encontro destas ações; bem como, a formação profissional de equipes multiprofissionais competentes que atuem na área; a construção de conhecimentos acerca da temática e, principalmente, o compromisso do Poder Público com a criação e manutenção de linhas de fomento a programas desta natureza.











Referências:


1. BIRMAN, J. Futuro de todos nós: temporalidade, memória e terceira idade na psicanálise. In: VERAS, R. (org). Terceira Idade. Rio de Janeiro: Relume - Dumará, 1995.

2. MATSUDO, S. M. & MATSUDO, V. K. R. Impacto do envelhecimento nas variáveis antropométricas, neuromotoras e metabólicas da aptidão física. Revista Brasileira Atividade Física e Saúde 2000; 8:21-32.

3. NERI, Anita L. Qualidade de Vida e Idade Madura. Campinas: SP, Papirus, 1993.

4. OKUMA, Silene Sumire. Idoso e a atividade física. Campinas-SP: Papirus, 1998.
PROJETO GETI – RELATÓRIO. UFPA, 2007

5. SIMÕES, Regina. Corporeidade e terceira idade: a marginalização do corpo idoso. Piracicaba: UNIMEP, 1994.





Endereço: UFPA – Campus Castanhal. Avenida Universitária, s/n – Jaderlândia CEP 68.750-000. Castanhal – PA
E-mail para contato: mirleide@ufpa.br

Nenhum comentário: