sábado, 6 de junho de 2009

Entrevista Luci Lima Modelo Amputada

Luci estava em sua moto na Av.dez de dezembro, em Londrina, no dia 9 de outubro de 2007, por volta das 19h e 30min, quando um carro atravessou a avenida e a atropelou em sua moto. Ela foi arremessada a uns 5 metros ou mais e quando foi se levantar percebeu que sua perna esquerda estava quebrada (teve fratura fechada de fêmur). Então voltou a se deitar. As pessoas que a vinham socorrer não lhe falaram que perdera tudo do joelho pra baixo. Percebeu o que lhe havia acontecido quando uma pessoa passou e falou “a moça perdeu a perna”. Foi nesta hora que descobriu que estava sem perna.Foi então que ela perguntou para as pessoas que estavam ao seu redor o que havia acontecido.

1) Idade e profissão: Meu nome é Luci Lima. Tenho 28 anos e como ainda estou de atestado médico eu ainda não me aposentei. Então continuo sendo uma Policial Militar!



2)Atividade atual:

Atualmente não estou exercendo nenhuma atividade profissional. A minha única atividade hoje é a natação. O esporte que estou praticando três messes depois que saí do hospital e neste ano estou indo para a minha primeira competição (um máximo). Estou cursando faculdade, primeiro ano da faculdade de Estética e Cosmetologia. Também neste ano fiz um trabalho fotográfico para a agencia Visable da Alemanha, que tem uma representante aqui no Brasil, a fotógrafa Kica de Castro. Este foi o meu primeiro trabalho como modelo. Vamos ver o que o futuro me reserva.

3)Endereço de seu blog ou site:
Há não tenho


4)Sua deficiência:
Sou amputada da perna esquerda na altura da coxa

5)Estado Civil:
Então sou uma quase senhora Consom rsrssr. Estou noiva e vou me casar no dia 4 de julho deste ano. Faltam dois meses rsrsrsrs.

6)Fale um pouco sobre sua deficiência:
Esta pergunta é difícil não sei o que falar, pois sou amputada há um ano e seis meses

Vou falar como aconteceu:

Eu estava em minha moto na Av.dez de dezembro, em Londrina, no dia 9 de outubro de 2007, por volta das 19h e 30min, quando um carro atravessou a avenida e me atropelou em sua moto. Eu fui arremessada a uns 5 metros ou mais e quando fui me levantar percebi que a perna esquerda estava quebrada (tive fratura fechada de fêmur). Então voltei a me deitar. As pessoas que vinham me socorrer não me falaram que eu perdi tudo do joelho pra baixo. Percebi o que lhe havia acontecido quando uma pessoa passou e falou “a moça perdeu a perna”. Foi nesta hora que descobri que estava sem perna. Foi então que perguntei para as pessoas que estavam ao meu redor o que havia acontecido, mas elas não me falavam nada. Quando chegou o Siate perguntei para o socorista o que tinha acontecido e ele também não quis me dizer. Falei então pra ele “Se eu quisesse ver já tinha me levantado, mas não queria ter o resta da vida aquela imagem na cabeça. Era pra eles me falarem, pois não queria ir para o hospital e saber depois”. O socorista me falou que realmente estava muito machucada a minha perna e me disse assim “Você tem fé em Deus?”. Respondi que sim. Então ele me respondeu: “Você sabe que pra Deus nada é impossível. A sua perna esta muito machucada e vamos fazer o impossível para reinplantar". Fui levada para o hospital onde depois de algumas horas saí da sala de cirurgia e não teve como reimplantar nada. Fiquei mais 10 dias com o fêmur quebrado esperando pra ver se a cirurgia não iria ser rejeitada. Então, depois de sete dias veio a resposta que tinha necrosado e que teria que amputar acima do joelho, na altura que esta hoje. Fiquei no hospital mais 20 dias e no dia 9 de novembro, exatos um mês depois, saí do hospital.

7)Como foi a sua infância?

Tive uma infância normal sempre fui muito brincalhona e aproveitei bastante minha infância

8)E a sua adolescência, como foi?

Foi boa também a única fase difícil foi quando meus pais se separarão, mas sobrevivi

9)Como conseguiu superar esses momentos?

Quando meus pais se separaram tinha um namorado na época que me apoiou muito. Ficou do meu lado. E quando agente ama muito alguém queremos vê-la feliz. Então se isto era o melhor pra eles eu não tinha que me opor

10)Quanto a sua profissão, como se desenvolveu?

Eu era Técnica de Segurança do Trabalho e trabalhava numa usina de álcool. Há três anos quando surgiu o concurso da Policia Militar do Paraná, eu queria muito ter um emprego com garantias e estabilidades então resolvi prestar, e passei. Fiz seis meses de academia da policia e depois de um ano de formada e trabalhando na equipe de motos (eu era a única mulher que trabalhava com moto no quinto batalhão de Londrina) eu sofri o acidente.

11)Como você percebe a relação da sociedade com quem possui algum tipo de deficiência?

A sociedade na verdade é desinformada e, por isso, há tanto preconceito. Eu mesma antes era assim.

Na verdade a sociedade fica sem saber o que fazer diante de um deficiente. Ela até tenta se adequar, mas quando faz não pergunta a um deficiente físico o que se deve ser feito. Simplesmente faz e é aí que aparecem os erros.

Mas o que eu acho mais intrigante é alguns deficientes físicos pensarem que o mundo todo, ao seu redor, tem que se adequar a ele. Então ele nunca procura alternativas. Simplesmente se isola e critíca o mundo por sua deficiência.

12)Você teve alguma dificuldade na área profissional?

Não simplesmente mudei de área

13)E qual a sua opinião sobre a pessoa portadora de deficiência no mercado de trabalho?

Penso que é ótimo, desde que este deficiente queira trabalhar, pois a maioria só quer saber de receber benefícios. O que eu percebo é que a maioria dos deficientes não se importa em se qualificar ou estudar pra melhorar de vida. Os trabalhos oferecidos nem sempre, ou melhor, nunca são de cargos importantes.

14)Qual a sua mensagem para os portadores de deficiência que ainda não alcançaram esse otimismo?

Não sei quanto a vocês, mas minha vida nunca foi fácil. Não tive a sorte de nascer em berço de ouro, sempre tive que batalhar pra ter as coisas, e não iria ser agora, que me encontro nesta situação, que as coisas iriam ser diferentes. Então não vai pensar que o mundo vai mudar só por sua causa, porque isto não vai acontecer. Fazer rampas, oferecer um emprego, ter uma prótese, um cão guia, etc, isso tudo não ira ter sentido algum se você não tivesse um mínimo de vontade de vivenciar tudo que tem ao seu redor. É difícil? É. Mas, não tentar é pior.

Um abraço a todos

Fiquem com Deus

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